Estoque sazonal: o que é e como gerir este desafio logístico?

Written by Unico

24 de fevereiro de 2023

Um dos desafios logísticos que as empresas enfrentam, diariamente, consiste na gestão dos seus estoques, de forma otimizada. Aliás, esta questão torna-se ainda mais premente quando estão em causa produtos sazonais, cuja procura não se mantém constante, ao longo do ano. Nestas situações, a correta parametrização do estoque sazonal revela-se crucial para garantir que a empresa consegue responder a um aumento da procura, por parte dos consumidores, num determinado período, sem arriscar ficar com estoque sazonal em excesso nos seus armazéns.

O que é o estoque sazonal?

Podemos definir “estoque sazonal” como o conjunto de produtos e mercadorias criado para satisfazer a procura, numa determinada época. O estoque sazonal relaciona-se, assim, com períodos (ou eventos) específicos, que causam uma flutuação nos níveis de procura. Por exemplo, embora o chocolate seja um produto consumido durante todo o ano, apresenta um aumento extraordinário de procura durante o Natal. Como as necessidades de consumo deste tipo de mercadorias não se mantêm constantes, apresentando variações, torna-se fulcral para os retalhistas desenvolverem um bom planeamento logístico e anteciparem os picos de procura.

Com efeito, a sazonalidade gera-se como consequência de diversos fatores. Enquanto alguns produtos tornam-se sazonais devido a questões climatéricas e à cadência das estações do ano, a sazonalidade de outros bens relaciona-se com eventos específicos (por exemplo, a época do regresso às aulas ou um campeonato mundial de futebol) ou mesmo com tradições culturais (como as comemorações do Dia das Mães).

Além destes fatores, também a disponibilidade dos recursos financeiros dos consumidores pode influenciar os níveis de procura de algumas mercadorias específicas. Por exemplo, nos meses de pagamento do subsídio de férias ou de Natal, ou mesmo aquando do reembolso do IRS, existe um incremento do rendimento disponível das famílias. Portanto, esse poderá canalizar-se para o consumo de bens discricionários.

Para gerir adequadamente os inventários sazonais, existem três grandes variáveis a analisar, a saber:

O ciclo de vida do produto

Os bens sazonais não apresentam todos as mesmas características. Aliás, os seus ciclos de vida podem ser bem distintos. Alguns artigos, embora exibam um pico de procura num determinado período, vendem-se e encontram-se disponíveis ao longo de todo o ano. Outros produtos, como, por exemplo, as decorações de Natal, comercializam-se apenas numa época específica e retiram-se das prateleiras posteriormente. Nesse sentido, compreender o ciclo de vida de um artigo torna-se fundamental para conhecer a sua sazonalidade e para gerir eficazmente os fluxos da procura e da oferta de estoque sazonal.

A duração das épocas de vendas

Enquanto em alguns produtos sazonais o período de pico de vendas pode estender-se por múltiplos meses (por exemplo, nos artigos típicos de verão), outros têm uma janela de oportunidade de apenas alguns dias (como os do Dia dos Namorados). A duração da época de vendas torna-se num fator relevante a considerar, pois determina a estratégia de resposta de uma empresa ao pico da procura. Nas mercadorias com épocas sazonais mais longas, é possível reabastecer os armazéns e as lojas, diversas vezes, tendo uma maior margem para adequar a disponibilidade dos produtos à evolução da procura. Por outro lado, quando a época sazonal tem uma curta duração, as empresas devem entregar nas lojas, antecipadamente, toda a procura estimada de estoque sazonal.

Procurement lead time

Este indicador torna-se importante para avaliar o nível de risco que as organizações correm na gestão das encomendas e das ordens de compra de estoque sazonal, junto dos seus fornecedores. Lead times mais longos significam que as decisões de compra têm de ser efetuadas com maior antecedência, para responder ao pico da procura.

Porque é tão importante calcular corretamente o estoque sazonal?

Preparar as operações para a sazonalidade implica, da parte das organizações, um trabalho de antecipação rigoroso. Como as cadeias de abastecimento são, muitas vezes, longas e complexas, as encomendas devem executar-se com semanas ou mesmo meses de antecedência, para assegurar que o estoque sazonal estará disponível, no momento indicado. Por esse motivo, um mau planejamento das operações pode dar origem a diversos problemas.

Ruturas de estoque sazonal

Estoques sazonais subdimensionados e apoiados em previsões pouco precisas podem conduzir a uma rutura de estoques, durante o pico da procura. Quando isto ocorre, deparamo-nos com uma oportunidade de vendas perdida. Aliás, este tipo de situações também exerce um impacto negativo nos níveis de satisfação e fidelização dos consumidores. Por exemplo, um cliente, ao verificar que o produto desejado se encontra esgotado ou indisponível, pode dirigir-se a uma empresa concorrente para o adquirir.

Estoque sazonal em excesso

Uma previsão sobredimensionada ou demasiado otimista pode causar o problema oposto. Isto é: se a organização constituir um estoque sazonal muito superior à procura efetiva, arrisca ficar com mercadorias acumuladas em armazém.

Esta é uma adversidade particularmente sensível, quando nos referimos a produtos ou mercadorias sazonais, com uma “janela de oportunidade” para o escoamento limitada. Perante esta situação, muitos retalhistas veem-se forçados a realizar promoções e descidas de preços, para escoar o estoque sazonal e libertar espaço em armazém, obtendo margens mais baixas. Consequentemente, afeta-se, então, a rentabilidade das operações.

Estratégias para gerir o estoque sazonal com rigor

Tendo em consideração as rápidas mudanças no comportamento dos consumidores a que temos assistido, nos últimos anos, prever corretamente qual será o nível ótimo de estoque sazonal consiste, hoje, numa tarefa mais desafiante, comparativamente com a situação vivida no passado. Apesar destas adversidades, os gestores de inventários dispõem agora de ferramentas analíticas e preditivas, para os apoiarem nessas tarefas. Eis alguns aspectos essenciais a ter em conta na gestão do estoque sazonal, a saber:

Aumente a visibilidade das operações

Para garantir o sucesso das operações, durante a sazonalidade, revela-se vital não só assegurar a calibração correta dos inventários para responder às necessidades dos clientes, mas também verificar se as operações no armazém se encontram devidamente preparadas para lidar com aumento da procura de estoque sazonal.

Isto é: não basta ter a quantidade certa de bens disponível, torna-se também crucial garantir a coordenação de todas as equipes envolvidas, para que as entregas se concretizem no tempo esperado, sem erros ou falhas. Desse modo, as empresas deverão adotar ferramentas para melhorar a visibilidade das operações da sua supply chain, obtendo uma visão integrada e em tempo real da situação.

Escolha os indicadores de desempenho adequados

Através da monitorização de alguns indicadores de desempenho, conseguirá gerir o estoque sazonal mais eficientemente e perceber a evolução da procura de um produto. Entre os indicadores mais comuns para controlar os inventários, encontramos os seguintes, a saber:

  • Inventory turnover — reflete a frequência com que o estoque é reposto, num determinado período;
  • Taxa de stockout — revela a percentagem de produtos do inventário indisponíveis para venda;
  • Days Sales of Inventory (DSI) — permite avaliar os custos de armazenamento de cada produto e planificar, de forma eficiente, a sua reposição;
  • Taxa de backorder — reflete a quantidade de pedidos que não podem ser satisfeitos no imediato (por falta temporária em armazém) e ficam pendentes.

 

Apoie-se em ferramentas de big data e machine learning

Através da adoção de softwares inteligentes, apoiados em tecnologias como big data e machine learning, torna-se possível traçar análises preditivas sobre o comportamento da procura, em épocas sazonais, desenvolvendo, assim, uma gestão mais precisa do inventário e do estoque sazonal.

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